V'Ger e a Imago sem Gestalt

 

        Diriam os psicanalistas que a união de V'Ger com Decker represente o auge da pulsão de morte, quando o sujeito se torna o objeto a, o objeto do desejo do grande Outro.  Porém, eu contesto esta idéia de que o Outro realmente deseje se fundir com o sujeito e vice-versa.

 

Ilia e Decker

 

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         Uma criança pequena, por exemplo, não quer se fundir à mãe dela. O que ela quer mesmo é o dom, a capacidade que a mãe tem de satisfazer as necessidades ou as demandas pulsionais do(a) filho(a).  Todavia, é pertinente observar que a forma como V'Ger "consome" o Cmt. Decker lembra muito a pulsão oral, quando, do ato de amamentar, o gozo do corpo do Outro se fazia através da incorporação de parte dele.  Contudo, é preciso fazer uma distinção entre o objeto do gozo e o objeto do desejo.  Se o objeto do gozo é aquilo que a mãe pode dar e que satisfaz, o objeto do desejo, por outro lado, é o que faz com que a mãe se torne presente.  Ou como chamar a atenção!

 

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         Eu interpreto aquela união entre Decker e V'Ger de forma diferente, do ponto de vista da desalienação do sujeito com o Inconsciente.  Por uma estranha coincidência, o psicanalista francês Jacques Lacan chamava o Simbólico de O Mundo das Máquinas.  E é justamente do Mundo das Máquinas de onde V'Ger procede.  Outro pensador francês, o filósofo Gilles Deleuze se referia às pulsões como máquinas desejantes!

         Há mesmo algo de lacaniano naquele momento em que o Cap. Kirk descobre que o nome V'Ger era apenas o recalque de Voyager 6.  Bem assim como ocorre na análise pessoal, quando ao deparar-se com a revelação da letra inconsciente, ocorre o processo de identificação do sujeito com o Outro, o qual, neste contexto, é a demanda inconsciente do sujeito de forma alienada ao próprio sujeito.  Mas, no filme, trata-se do reconhecimento dos terráqueos à criação dos antepassados deles, do amor de Decker por Ilia e da vontade de V'Ger unir-se ao Criador   uma metáfora do amor infantil pelos pais.

 

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             Essa não seria a primeira vez em que Kirk fora impelido a atuar como uma espécie de analista de crianças e adolescentes.  Vemos isto em O Estranho Charlie (1960) e em Miri (1966).  E também não fora a primeira vez em que ele se confrontaria com o retorno perigosamente destrutivo de uma sonda da Terra em estado alterado. Este é o episódio Nômade (1967), escrito por John Meredyth Lucas, e que talvez tenha sido a principal fonte de inspiração do roteirista Alan Dean Foster.

 

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          A leitura do Inconsciente costuma revelar-se através da identificação de uma quantidade de repetições de elementos curiosamente semelhantes entre si: é interessante lembrar que o Cmt. Willard Decker é filho do Comodoro Matt Decker, o qual também se sacrificou lutando contra uma máquina, em A Máquina do Juízo Final (1967).

          

          A estória do filme é como um sonho em que o sujeito se desloca entre as personagens.  Em um momento, Kirk é um analista, no outro, representa o discurso da cultura (A Federação, a Enterprise), tentando impedir Decker, que por sua vez é o sujeito analisante, desistindo da resistência com o discurso cultural e identificando-se à demanda do Inconsciente, do grande Outro (V'Ger).

 

 

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          MAS, ONDE OS PSICANALISTAS VÊEM AS PULSÕES OU INSTINTOS DE MORTE, VEJO OS MECANISMOS DE DEFESA E O PRINCÍPIO DE REALIDADE-PRAZER.  UMA APARENTE AGRESSÃO PODE SER SÓ UMA AFIRMAÇÃO DA VONTADE DE POTÊNCIA:

 

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          ONDE OS PSICANALISTAS VÊEM O NARCISISMO E A PULSÃO DE MORTE, VEJO O DESEJO DE RETERRITORIALIZAR, RELACIONADO À AUSÊNCIA DE GESTALT DA IMAGO, E O PRINCÍPIO DE REALIDADE:

 

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               ONDE OS PSICANALISTAS VÊEM MORTE, COMO O QUE SERIA O ALCANCE MÁXIMO  DE  REALIZAÇÃO  DE  UMA BUSCA  PULSIONAL,  VEJO  APENAS TRANSCENDÊNCIA:






 

Star Trek

Star Trek The Motion Picture

 

Filme de 7 de dezembro de 1979

 

Star Trek The Motion Picture é um filme americano de ficção científica, dirigido por Robert Wise e o primeiro longa-metragem baseado na série de televisão Star Trek, idealizada por Gene Roddenberry.

A estória é baseada no trabalho de Alan Dean Foster e roteirizada por Harold Livingstone.

Música composta por Jerry Goldsmith.

 

 

 

Alan Dean Foster

 

Alan Dean Foster

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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